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Falta de planejamento urbano causa prejuízo bilionário para a economia

Trabalhadores de regiões metropolitanas precisam se deslocar da periferia ao centro em viagens que duram quase duas horas

Acordar às 4h, se trocar rápido para pegar o ônibus e mesmo assim não ter a certeza de chegar a tempo no trabalho. Essa é a realidade quase que diária da copeira de 24 anos Hosana Souza. Ela é uma dos mais de 5 milhões de trabalhadores da região metropolitana de São Paulo que perde um tempo excessivo para ir trabalhar ou voltar para casa.

No Brasil, 17 milhões de trabalhadores demoram, em média, 114 minutos (1h 54) nas viagens superiores a 30 minutos. Um tempo significativo para quem tem família, por exemplo. “Dedicar duas horas do meu dia para o trânsito é desgastante, isso realmente afeta meu potencial no trabalho porque eu já chego estressada. Com certeza, dedicaria essas horas para passar com o meu filho que me espera todos os dias para brincar”, disse Hosana.

O que parece ser apenas uma perda de tempo no trânsito, representa também um grande prejuízo para a economia do país. É o que aponta uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN). O estudo feito em 601 municípios das 37 principais REGIÕES metropolitanas nacionais mostra que o Brasil deixa de produzir mais de R$ 111 bi ao ano por causa dos engarrafamentos que atrasam a chegada do funcionário ao trabalho, é a chamada produção sacrificada.

Todo esse desperdício de tempo é causado por dois fatores: a grande concentração populacional nas áreas periféricas e a oferta de trabalho nas áreas centrais das cidades. O estudo mostra que 45% da população brasileira mora nas periferias das regiões metropolitanas, isso significa que quase metade da população vive em 11% das mais de 5 mil cidades brasileiras e precisam se deslocar por quilômetros para trabalhar nas áreas centrais da cidade.

A Região Metropolitana com maior perda de tempo é a do Rio de Janeiro, onde cerca de 2,8 milhões de empregados perdem, em média, 141 minutos por dia para chegar ao trabalho. O que significa uma produção sacrificada superior a R$ 19 milhões.

A Região Metropolitana de São Paulo ficou em segundo lugar. Os mais de 5,5 milhões de trabalhadores paulistanos perdem, em média, 132 minutos no trajeto casa-trabalho-casa, o que gera um prejuízo de quase R$ 45 milhões para a economia. A município com maior tempo de deslocamento foi Francisco Morato, com 162 minutos.

Para a urbanista formada na USP Monica Mitie, o problema do trânsito que impacta a vida do trabalhador é algo simples de ser identificado, mas difícil de ser resolvido. Para ela, “mais do que construir corredores, a solução é baixar a velocidade nas vias e estimular cada vez mais transportes coletivos por meio das chamadas caronas solidárias ou fazer uso das bicicletas, mas isso esbarra na cultura do transporte individual que está inserida na sociedade”.

“Tenho essa visão com base na diminuição da velocidade que ocorreu nas marginais de São Paulo, a quantidade de acidentes caiu pela metade. Se a sociedade fosse mais coletiva, haveria menos carros, o trânsito seria melhor e haveria mais segurança para andar de bicicleta. Consequentemente, o trabalhador chegaria mais cedo em casa e no trabalho”, afirmou.

A informação sobre a redução da velocidade na qual Monica se refere é da pesquisa realizada pela Companhia da Engenharia de Tráfego (CET). Os dados divulgados em outubro deste ano apontam que o número de acidentes com vítimas fatais diminuiu em 52% com a redução na velocidade nas marginais Tietê e Pinheiros entre 2015 e 2016.

Em meio a tantos problemas a serem resolvidos nas regiões metropolitanas, trabalhadores como Hosana ainda sonham em mudanças para viver melhor. “Eu não acho que há solução para isso, passei a minha vida ouvindo promessas de políticos. Trabalhar para um dia viver perto da família eu algo necessário enquanto não consigo uma oportunidade próxima a minha casa”.

Ponto de ônibus em frente à Coop da Avenida Dr. Rudge Ramos

DICAS DE COZINHA

DA SARA!

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